COLESTEROL ALTO MATA?

Esta é um pergunta frequente em nossos consultórios e uma dúvida comum que ronda nossas cabeças. O fato é que existe um grande marketing do colesterol devido ao interesse da indústria farmacêutica em vender medicamentos, mas por trás de tudo isso existe uma realidade que é: O colesterol alto é ruim sim para nossa saúde!

Quando nascemos o nosso colesterol é baixo. A fração de baixa densidade do colesterol o LDL-colesterol (chamado de colesterol ruim) está em torno de 50 e 60 mg/dL. Ao longo da vida o nosso colesterol vai aumentando e em pessoas que vivem nas cidades o colesterol total fica em torno de 200 mg/dL. Por que pessoas que moram nas cidades? Existe diferença? Sim, o colesterol total de indivíduos que moram em comunidades afastadas das cidades, como tribos indígenas, esquimós e outros gira em torno de 100 mg/dL.

E o que existe de verdade com relação ao colesterol alto? Muita coisa! Em realidade nós que vivemos em cidades e temos um estilo de vida típico destas, como, por exemplo, comer demais, fazer pouca atividade física, ingerir muita gordura e etc., temos um nível de colesterol em nosso sangue mais elevado. Vários estudos em que se acompanharam populações por muitos anos, vide Framingham (acompanhamento da população da cidade de Framingham nos Estados Unidos), mostraram uma relação direta entre os níveis de colesterol e o risco de doença cardiovascular (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral). Quanto mais elevada à fração LDL-colesterol maior o risco de evento cardiovascular e consequentemente morte.

Por isso hoje temos metas para os valores do colesterol no sangue. Pessoas que têm diabetes melito, por exemplo, devem manter o LDL-colesterol menor que 100 mg/dL, pois nestes indivíduos (diabéticos) não se faz prevenção primária quando se reduz o colesterol e sim secundária, porque o diabético tem um risco cardiovascular tão elevado que ele deve ser visto como um indivíduo que já enfartou, mesmo que nunca tenha infartado.

Outras pessoas que tenham o colesterol elevado de origem familial têm que tratar com medicação para manter o colesterol baixo e evitar a doença cardiovascular. Esta doença é chamada de hipercolesterolemia familial.

Pessoas que já tiveram um evento cardiovascular também têm que manter o colesterol baixo, para evitar um novo evento e diminuir a aterosclerose, que é o processo de endurecimento e formação de placas de cálcio e gordura nas artérias.

Hoje felizmente sabemos da relação direta entre os níveis elevados de colesterol e o risco de doenças cardiovasculares e também felizmente podemos contar com medicações eficientes que causam poucos eventos adversos, como as Estatinas, o que tem ajudado em muito na redução do número de eventos cardiovasculares e de mortes.

A dieta hoje não tem sido vista como no passado, quando éramos bem mais rigorosos, mas ainda tem um papel importante não só no controle do colesterol como também da obesidade, diabetes, hipertensão arterial e um número grande de doenças intestinais. E além das Estatinas, hoje também temos a Ezetimiba, que é uma medicação que utilizada em conjunto com as Estatinas potencializa em muito o efeito redutor do colesterol sem aumentar os eventos adversos.

O colesterol alto mata!